Muitas pessoas pensam que o cérebro é o único responsável pelas alterações mentais que ocorrem nas suas vidas. O fato é que, segundo diversos estudos realizados pelo mundo, pode-se afirmar que o intestino possui mais neurônios que o próprio cérebro.
Cientistas acreditam que a função do trato gastrointestinal vai muito além da digestão, absorção e excreção dos alimentos. Atualmente está sendo estudado o seu papel e a sua importância no tratamento de doenças mentais e do sistema imunológico.
Aproveite a leitura deste artigo que fiz com tanto carinho para você, para aprimorar seus conhecimentos e brilhar nesta jornada iluminada das 7 saúdes.
Como funciona o sistema nervoso do intestino?
O intestino não precisa do cérebro para lhe comandar, ele possui o sistema nervoso entérico que é como se fosse uma “sucursal”, uma “filial” do sistema nervoso autônomo. Por isso, ele tem autonomia para “tomar as suas próprias decisões”.
Esse sistema nervoso entérico possui seu próprio circuito neural, que reveste o estômago e o sistema digestivo e possui trilhões de bactérias que têm papel vital no nosso organismo. Entendeu agora porque chamam o intestino de segundo cérebro?
Além do intestino conter maior número de neurônios do que o cérebro, também tem a maior produção de serotonina, uma substância neurotransmissora responsável pela sensação de bem estar.
Outros mensageiros químicos também são produzidos no intestino, e são responsáveis pela comunicação entre intestino e cérebro através do nervo vago, que é uma estrutura que passa no tórax e envia as mensagens à cabeça.
O nervo vago é uma via “de mão dupla”, ou seja, assim como o sistema gastrointestinal envia mensagem ao cérebro, o inverso também ocorre. Quem nunca ficou com “dor na barriga” numa situação de estresse?
Qual a importância da microbiota intestinal?
Também existe um terceiro participante de extrema importância no envio de mensagens e respostas dos neurônios: a microbiota. Também conhecida como flora intestinal, é responsável pela manutenção do equilíbrio intestinal e por isso, quando falha, tem papel crucial na alteração das emoções e no aparecimento de doenças.
O intestino carrega cerca de 100 trilhões de bactérias, que compõem a microbiota, sendo uma quantidade muito maior do que o número de células do corpo. A relação do nosso organismo com as bactérias “boas” é benéfica para ambos, pois as bactérias são nutridas no nosso organismo para mantê-lo em estado de equilíbrio.
A microbiota intestinal tem papel fundamental na saúde emocional. Quando ela está prejudicada, ou seja, quando as bactérias ruins se sobressaem às boas, diversas substâncias tóxicas que são nocivas a nossa saúde, são absorvidas pelo intestino e entram na nossa circulação sanguínea.
Através da comunicação do sistema nervoso entérico com o cérebro, as mensagens enviadas serão de estresse e a pessoa apresentará sintomas que podem variar de acordo com o caso, por exemplo:
- Diarréia;
- Constipação;
- Cólicas intensas:
- Flatulência (aumento dos gases intestinais);
- Distensão abdominal (aumento do abdômen).
Alguns fatores estão associados ao desequilíbrio da microbiota como, por exemplo, uma dieta com muita gordura, que pode aumentar o número das bactérias ruins e diminuir as bactérias do bem.
Outros fatores relacionados ao desequilíbrio da microbiota são o estresse e o uso de antibióticos que atuam destruindo as bactérias ruins e as boas do nosso organismo, causando um desequilíbrio na microbiota intestinal.
Dessa forma, o aumento das bactérias ruins prejudica os movimentos peristálticos do intestino e a parede intestinal, gerando processos inflamatórios que por sua vez são comunicados ao cérebro, que responde com dores, diarréia, constipação e consequentemente altera a produção da serotonina que é a responsável pelo bom humor e bem estar.
Outro aspecto importante que merece ser mencionado, diz respeito ao acometimento das alterações psíquicas decorrentes do déficit da microbiota intestinal, com destaque no sexo feminino devido as alterações hormonais constantes que as mulheres enfrentam no seu ciclo reprodutivo.
Microbiota intestinal e a saúde mental
A conexão intestino-microbiota-cérebro é mais importante do que se pensa. Estudos pelo mundo demonstram a importância da relação entre eles, principalmente quando se trata de saúde mental.
Um estudo Irlandes, utilizou dois grupos de ratinhos, em que um deles tinha a flora intestinal equilibrada e o outro não Este estudo identificou que o grupo que não possuía a microbiota intestinal equilibrada apresentou dificuldade de concentração e gastava mais tempo reagindo com o objeto. Dessa forma, demonstrou a relação entre a microbiota intestinal e o autismo, que é uma alteração psíquica que tem aumentado exponencialmente nos últimos anos.
Outro estudo realizado na Irlanda, com ratinhos que apresentavam traços de depressão e que receberam probióticos por algumas semanas, foram submetidos a uma banheira funda, sendo que o grupo de ratinhos que recebeu os probióticos, lutou por mais tempo e com mais energia para se salvar. Já os ratinhos que não receberam probióticos, e portanto, que não estavam com a flora intestinal equilibrada, não demonstraram o mesmo “anseio” pela vida. Desta forma, demonstrou a eficácia dos probióticos na prevenção e no tratamento da depressão.
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é caracterizada por alterações de humor que perduram por mais de duas semanas, destacando-se:
- Tristeza profunda.
- Perda de energia;
- Sentimento de desesperança;
- Sentimento de vazio;
- Sentimentos de culpa;
- Pensamentos de morte;
- Pensamentos suicidas.
Conhecida como “mal do século”, ou o “câncer da alma”, a depressão acomete mais de 300 milhões de pessoas no mundo e é a doença que mais incapacita pessoas, além de ser a principal causa de suicídios. No nosso blog temos um artigo completo sobre a depressão, para você se aprofundar mais neste tema.
Você já ouviu falar sobre a disbiose?
Este termo tem sido muito comentado ultimamente, visto que ele caracteriza o desequilíbrio da microbiota intestinal, mais precisamente no que se refere ao predomínio das bactérias patogênicas, que são as ruins, sobre as benéficas.
Sendo assim, ocorre um desequilíbrio na flora intestinal, que altera a forma de absorção dos nutrientes, causando um aumento da permeabilidade do intestino e na diminuição da seletividade de toxinas, bactérias e proteínas, ocasionando inflamações locais e sistêmicas. Entre as causas da disbiose, destaca-se o estresse psicológico e fisiológico.
Quando a microbiota intestinal está em desequilíbrio, como na disbiose, a produção do neurotransmissor chamado serotonina, que é responsável pela sensação de bem-estar, pela melhora da motilidade intestinal, bem como a comunicação entre intestino e cérebro, fica prejudicada, e consequentemente aumenta o risco para o aparecimento de distúrbios mentais como a depressão.
A vida moderna trouxe algumas mudanças no comportamento alimentar das pessoas, que passaram a buscar por alimentos rápidos e práticos e, dessa forma, aumentando o consumo dos alimentos ultraprocessados e industrializados, que possuem muito sódio e gordura saturada. Esse comportamento, aflorou o desequilíbrio da microbiota intestinal dos indivíduos e consequentemente aumentou o número de pessoas com distúrbios mentais e depressão.
Cientistas já sabem que as alterações como diarréia e constipação estão relacionadas a nervosismo e depressão, bem como a ansiedade e mau humor desequilibram a flora e causam as crises. Neste sentido, se esclarece o aspecto bidirecional entre cérebro e intestino, ou seja, tudo que prejudica um consequentemente atingirá o outro.
Esses processos inflamatórios e crônicos, que perduram por mais de meses, podem desencadear alterações neurológicas como Alzheimer e Parkinson, bem como estão intimamente ligadas ao desenvolvimento de doenças auto-imunes já que 70% dos nossos anticorpos são produzidos no intestino.
A doença de Alzheimer acomete mais de 35 milhões de pessoas no mundo todo, e está associada a perda de memória, problemas na atenção e concentração, na linguagem e compreensão. Além disso, sintomas comportamentais são experimentados nesta doença, como por exemplo:
- Irritabilidade;
- Ansiedade;
- Apatia;
- Agressividade;
- Problemas no sono;
- Agitação.
Quando existe a disbiose, as bactérias más produzem alguns peptídeos, que no microbioma intestinal normal não seria absorvido, no entanto, com a disbiose, isso ocorre e colabora no desenvolvimento do alzheimer.
Existe relação da microbiota intestinal com as doenças auto-imunes?
As doenças autoimunes são processos em que os anticorpos do corpo humano que são células de defesa, atuam contra o próprio organismo. Por exemplo, na tireoidite de hashimoto, os anticorpos agem na destruição da glândula tireóide, e o paciente, por sua vez tem uma doença que é crônica e precisa consumir o hormônio que a tireóide precisa produzir para regular o organismo.
Veja algumas doenças autoimunes existentes:
- Doença celíaca
O glúten é uma proteína contida em diversos tipos de cereais como o trigo, o centeio e a cevada. Essa proteína, nas pessoas acometidas com essa doença, causa uma resposta auto imune no organismo, onde os anticorpos atacam o intestino, causando destruição das vilosidades e processo inflamatório desse órgão, consequentemente a disbiose ocasiona alterações na absorção dos nutrientes necessários, passando a absorver toxinas e peptídeos.
- Diabetes tipo 1
Nesse caso, os anticorpos atacam as células do pâncreas responsáveis por produzir insulina, que é um hormônio essencial para que a glicose do alimento seja utilizada pelo corpo. Com a falha nesse processo, a glicose aumenta no sangue prejudicando o funcionamento dos órgãos do corpo que necessitam da glicose.
- Esclerose múltipla
Nessa doença autoimune, o sistema imunológico começa a produzir substâncias contra os componentes dos neurônios, causando destruição dos mesmo e graves alterações neurológicas. A esclerose múltipla não tem cura, e costuma ocorrer em pessoas entre 20 e 40 anos de idade. Os primeiros sintomas que podem aparecer podem ser:
- Fadiga;
- Dores articulares;
- Alterações na fala;
- Alterações visuais;
- Perda do equilíbrio;
- Vertigens;
- Náuseas;
- Déficit de memória;
- Alterações no humor;
- Entre outros.
Existem centenas de doenças autoimunes, vamos citar aqui algumas delas, por exemplo:
- Artrite reumatóide;
- Lúpus eritematoso sistêmico;
- Doença de chron;
- Miastenia Gravis;
- Psoríase;
- Retocolite ulcerativa;
- Vitiligo, entre outros.
Como equilibrar a microbiota intestinal?
A melhor forma de melhorar a flora intestinal é se alimentando de forma saudável, ou seja, optando por alimentos naturais e nutritivos. Suas refeições devem ser diversificadas sempre, seu prato deve ser colorido, com muitas verduras, folhas verdes, legumes e frutas, bem como, com o constante consumo de probióticos lácteos que auxiliam na reposição das bactérias benéficas ao nosso intestino.
Existem probióticos em forma de cápsulas para reposição da flora intestinal de quem apresenta esse desequilíbrio das funções intestinais. No entanto, não é orientado tomar por conta e em altas doses sem a prescrição e avaliação nutricional. Outro aspecto importante, é que não adianta se encher dessas bactérias benéficas se elas não forem nutridas no sistema gastrointestinal, ou seja, se esse consumo não estiver ligado a uma alimentação saudável.
7 dicas para melhorar a sua microbiota intestinal:
- Tenha uma alimentação diversificada;
- Consuma alimentos com polifenóis (uva, cacau, vinho,chá verde, brócolis);
- Consuma mais alimentos fermentados (iogurte e leite fermentado);
- Faça atividade física diariamente;
- Use mais grãos integrais na sua alimentação;
- Consuma diariamente alimentos prebióticos (aveia, cebola, alho, maçã)
- Tenha entre 6 a 8 horas de sono por dia (com qualidade).
O que são os prebióticos?
Os prebióticos são responsáveis em cuidar da microbiota intestinal, em manter o equilíbrio necessário para que as funções desse eixo cérebro-intestino, que é bidirecional, seja eficiente e saudável.
Para isso é necessário atuar no cuidado das bactérias do trato intestinal através dos prebióticos, que são fibras alimentares que nosso sistema gastrointestinal não consegue absorver, no entanto, são extremamente essenciais para alimentar as bactérias boas, ou seja, mantém a harmonia da microbiota intestinal. Alguns exemplos de alimentos prebióticos:
- Alho;
- Cebola;
- Aveia;
- Lentilha;
- Banana;
- Tamarindo;
- Chicória;
- Chá verde;
- Maçã.
Além dessa função fundamental de manter em equilíbrio a flora intestinal, os prebióticos também apresentam outros benefícios, por exemplo:
- Evita a aglomeração de microorganismos patológicos;
- Melhora a absorção dos nutrientes;
- Estimula o funcionamento do trânsito intestinal;
- Auxilia na consistência das fezes, prevenindo diarréia e constipação.
Percebeu a importância dos prebióticos no equilíbrio da sua flora intestinal?
Conclusão
O mundo científico tem feito descobertas que estão revolucionando os tratamentos em saúde. Você já imaginou que para prevenir e tratar doenças mentais, ao invés das inúmeras medicações prescritas, podemos contar com a prescrição de uma dieta saudável e algumas pílulas de bactérias que cuidarão de sua microbiota intestinal e consequentemente de sua saúde mental?
Mas o primeiro passo é, sem dúvida, a mudança do seu estilo de vida. Comprometa-se com você, em dar esse primeiro passo. Lembre-se que você é o autor de sua história, então cuide de você!
E não esqueça:
“Você nasceu para iluminar!”
Andreia Nicoletti
Mãe, Casada, Enfermeira, Especialista em Cardiologia, Auditoria em Saúde, Nutrição e Estética Funcional, Mestre em Ciências da Saúde e professora Universitária.