Infelizmente o número de famílias brasileiras endividadas é alarmante. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada em maio de 2020 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apresentou resultados preocupantes:

  • 66,5% das famílias brasileiras afirmaram ter dívidas como cheque pré-datado, cheque especial, cartão de crédito, carnê de loja, empréstimo pessoal e prestação de carro;
  • Esse número representa um aumento de 3,1% em relação a pesquisa realizada em maio de 2019, ou seja, de 2019 para 2020, segundo os dados recolhidos, mais famílias ficaram endividadas;
  • O percentual de famílias brasileiras com dívidas ou contas em atraso é de 25,1%, ou seja, 1 em cada 4 família brasileiras estão com as contas atrasadas;
  • Das famílias endividadas, 10,6% afirmam não ter condições de pagar suas dívidas;
  • Os 5 principais tipos de dívidas entre as famílias pesquisadas foram, cartão de crédito, carnês, financiamento de carro, financiamento de casa e crédito pessoal. 

Mas por que isso acontece? Qual seria o motivo por trás desse grande endividamento?

Pense um pouco sobre isso. Aliás, quero te propor  aqui um exercício. Quero que você pense em pelo menos 3 motivos geradores dessa triste e preocupante realidade financeira das nossas famílias.

Conseguiu? Pois bem, aposto que dentre esses motivos que você listou estão:

  • A instabilidade econômica do Brasil;
  • A crise;
  • A pandemia do Coronavírus;
  • A má gestão econômica do governo;
  • O presidente tal, a chuva, o sol, a corrupção…

Eu apostaria com você que você pensou em pelo menos um desses motivos, acertei? 

E não quero dizer que você está errado, fique tranquilo, porém, o que quero que você passe a entender é que todos esses motivos que você pode ter apontado e que eu listei acima estão fora do seu controle. Você percebe isso?

Você não tem controle algum sobre a política econômica do país, o que os nossos políticos corruptos fazem ou sobre a próxima pandemia e caos econômico, portanto pare de focar nessas coisas! 

E antes que você se desespere e ache que está tudo perdido, eu quero te dizer que tudo começa no seu modo de pensar, na forma como você encara as situações e desafios que aparecem.

Sabe qual seria, na minha humilde opinião, o grande causador desses números alarmantes que apresentei acima? Sabe por que tantas famílias estão no vermelho e sonham em pagar suas dívidas e terem a tão sonhada liberdade financeira?

POR QUE O BRASILEIRO É MUITO MAL-EDUCADO FINANCEIRAMENTE!

E, muito provavelmente, você também é! 

Faça uma análise da sua própria vida financeira. Você realmente tem um planejamento e controle financeiro para a sua vida e para a sua família? Você usa o seu dinheiro de maneira inteligente? Você fala sobre dinheiro e procura se aprofundar em temas relacionados a Educação Financeira e Finanças Pessoais?

Se você respondeu sim, sincera e verdadeiramente para todas essas perguntas, provavelmente você não precisa mais continuar a ler este artigo, pois você não possui dívidas ruins e já está indo bem, muito acima da média nacional.

Porém, as chances são que você respondeu não para essas perguntas. E se esse foi o caso, peço que você continue lendo este artigo e tomando nota de tudo aquilo que for interessante para você, pois eu realmente me dediquei para trazer um conteúdo relevante e que vá impactar positivamente a sua vida e da sua família. 

Mas antes de continuar, eu quero que você lembre-se disso: você só vai conseguir resolver os problemas da sua vida se você começar a focar naquilo que você tem controle.

Você pode e deve se educar financeiramente e começar a levar a sério esse tipo de conhecimento, pois saber utilizar e multiplicar o dinheiro de forma a dar uma vida mais confortável para você e sua família exige, antes de mais nada, conhecimento.

E aqui o nosso objetivo é justamente este, ILLUMINAR a sua vida com o conhecimento, com temas como:

  • Como sair das dívidas rapidamente e de forma definitiva;
  • O que são dívidas ruins e dívidas boas;
  • Dicas práticas para você aplicar na sua vida e sair das dívidas;
  • Como negociar suas dívidas com os credores (bancos, empresa, parentes, agiotas);
  • O risco da bola de neve dos juros das nossas dívidas e como escapar dele.

Por que devo me preocupar em sair das dívidas rapidamente?

Simples, por que se você não resolver isso o quanto antes a situação só vai piorar. É o que chamamos de Bola de Neve ou Superendividamento, onde uma dívida leva a outras e os juros começam a se acumular até que a situação fica impossível de ser resolvida. Aí bate o desespero!

E se você já está em uma situação desesperadora, acalme-se, pois existe sim uma solução para a sua situação. Como diz a minha mãe, “só não existe jeito para a morte” e o seu credor certamente tem tanto interesse quanto você que você pague suas dívidas, portanto, o que você deve fazer é agir de uma forma inteligente.

E caso você tenha dívidas mas ainda não tenha parado para pensar nelas, se ainda não tem um planejamento financeiro para quitar todas elas, vamos aqui a um exemplo:

Imagine que você exagerou nas sua compras de natal e em janeiro foi surpreendido com uma fatura além daquilo que podia arcar. Desse modo, o seu cartão de crédito lhe disponibiliza a opção de realizar somente um pagamento mínimo e lança o valor que você ainda deve para a sua próxima fatura, acrescido, logicamente, de uma taxa de juros.

A esse empréstimo concedido pelo banco dá-se o nome de “Crédito Rotativo do Cartão de Crédito”, o campeão no quesito juros alto no país!

Ou seja, você não conseguiu pagar sua fatura porque gastou mais do que deveria em itens dispensáveis e isso é um reflexo do seu nível de educação financeira.  

E aí você chega no começo do ano, vem a matrícula dos filhos na escola, material escolar, impostos e aí mais uma vez você se vê obrigado a utilizar de uma nova linha de crédito para pagar suas dívidas: o cheque especial.

Pesquisas recentes mostram que dos mais de 60 milhões de Brasileiros que estão com dívidas em atraso, mais da metade entraram na lista de inadimplentes por conta dessa linha de crédito. 

O cheque especial é a segunda modalidade de empréstimo mais cara do mercado, ficando atrás apenas do crédito rotativo do cartão de crédito.

E aí você entra no mês de fevereiro e percebe que todos os seus amigos mais próximos irão realizar uma viagem no período de carnaval. O que você faz? Pega um empréstimo de R$10.000,00 para pagar a diversão merecida da família, afinal, “nunca sabemos se vamos viver o dia de amanhã”, não é mesmo?!

Carpe Diem!!!!

Pois é, o problema de pensar e agir assim é que se o dia de amanhã chegar (e provavelmente ele vai), com ele virão as dívidas acumuladas no passado!

E o medo de deixar de viver o presente em prol de um futuro incerto acaba levando você a abrir mão do seu futuro por um presente totalmente desequilibrado.

A bola de neve só vai aumentando e é por isso que você deve se preocupar em sair do vermelho o mais rápido possível!

Uma dívida de R$10 mil, por exemplo, a uma taxa de 5,73% ao mês (taxa média do mês de maio de 2020 da linha de crédito rotativa do cartão de crédito), em 3 anos se transformaria em uma dívida de mais de R$74.000,00!

Isso mesmo, em apenas três anos a sua dívida de 10 mil reais se transformaria em uma de mais de 74 mil!

Os números são claros (e assustadores) e o alerta para você não deixar a sua dívida crescer e se tornar algo fora do seu controle é algo muito importante!

Tá, mas e como eu posso sair das dívidas rápido (mesmo ganhando pouco)?

Vamos ao que interessa! Preste muita atenção, pois agora irei dizer para você o passo a passo para quitar as suas dívidas rapidamente e parar de ser um escravo do dinheiro.

Mas, antes de mais nada, quero que você saiba que não iremos vencer essa difícil realidade financeira sem sacrifícios. Fórmulas mágicas do sucesso que prometem que você irá pagar todas as suas dívidas sem abrir mão de nada ou que irá ganhar muito dinheiro sem nenhum tipo de dificuldade, em geral, são fraudes.

O que vou escrever aqui abaixo está longe de ser uma fórmula mágica ou exata, mas certamente são coisas que, se você adaptar e aplicar para a sua realidade, poderão mudar de maneira muito significativa a sua vida.

1º Passo – Conheça as suas dívidas!

Como disse Sun Tzu: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas”. 

Portanto, anote isso, você precisa conhecer os seus inimigos, ou seja, as suas dívidas.

Você precisa encarar os seus inimigos de frente, “olho no olho”, não adianta fugir. 

Para isso, você deve anotar no papel ou em uma planilha no Excel, por exemplo, o valor total de todas as suas dívidas. Faça uma lista com todas elas, com as seguintes informações: natureza, valor total, valor do parcelamento, valor já pago e taxa de juros.

Por exemplo:

Natureza

Valor Total

Valor Parcelas

Valor Pago

Taxa de Juros

Financiamento  do Carro

R$ 35.000,00

R$750,00

R$15.000,00

2,5% ao mês

Empréstimo com o Sogro

R$ 10.000,00

0

 

Cheque Especial

R$2.500,00

  

7,5% ao mês

Carnê na loja x

R$2.000,00

R$250,00

R$500,00

0,99% ao mês

TOTAL DA DÍVIDA

R$47.500,00

   

Se você tiver dificuldades em saber o valor real das suas dívidas (um sinal claro de descontrole financeiro), entre em contato com o serviço de atendimento ao consumidor dos seus credores.

Note que no exemplo acima eu coloquei um outro tipo de dívida muito comum no Brasil, que são as dívidas com familiares e amigos. Vou retornar a este ponto em breve e te dar algumas dicas para lidar com esse tipo de dívidas.

Sendo assim, o seu objetivo aqui neste primeiro passo é ter um panorama completo das suas dívidas, conhecê-las mais a fundo e saber exatamente o valor total das sua dívidas. 

2º Passo – Organize as suas finanças pessoais!

Aqui entra a fase que a maioria das pessoas tem dificuldade, pois exige uma boa dose de disciplina e organização, porém, acredite, chegamos a um ponto fundamental para que você saia do vermelho o mais rápido possível.

No 1º passo eu falei para você conhecer bem o valor da sua dívida. Agora, o que você precisa fazer é traçar um planejamento, de acordo com os seus ganhos, para quitar essas dívidas definitivamente. Ou seja, dentro daquilo que você ganha, do seu orçamento, você vai fazer uma estratégia para pagar suas contas.

Para isso, é interessante que você utilize-se de uma planilha de controle de gastos e despesas. Nela, a partir de agora, durante um mês inteiro, você irá colocar todas as suas entradas e saídas, ou seja, todas as suas fontes de renda e despesas. 

Eu recomendo que você pesquise algum aplicativo de controle financeiro e passe a realizar isso no seu smartphone, afinal, todos nós estamos o tempo todo conectados e com o nosso aparelho por perto, não é?

Seja o mais minucioso quanto possível e fortaleça o hábito de anotar tudo, pois isso será fundamental para você observar os seus hábitos de consumo e fazer uma autoavaliação sobre como você utiliza o seu dinheiro no seu cotidiano. 

3º Passo – Entenda as suas possibilidades de pagamento

Uma vez que você já saiba quais são as suas dívidas e tenha organizado melhor as suas finanças pessoais, saiba exatamente como o seu dinheiro está sendo gasto, chegou a hora de saber quanto você pode pagar.

Se a sua dívida está saindo do controle e você não vem realizando os pagamentos das parcelas, por exemplo, ou se está devendo uma quantia para um parente ou amigo e não sabe como pagar, você terá que iniciar uma negociação para definir um acordo que fique bom para ambas as partes.

Porém, de nada adianta realizar uma negociação de uma dívida se você assumir um compromisso que não pode arcar. Por isso que antes de negociar ou renegociar as suas dívidas, você deve entender quais são as suas possibilidade reais de pagamento, ou seja, quanto efetivamente você pode pagar por mês para amortizar suas dívidas.

Observe a sua planilha financeira e verifique quais são os gastos que você pode diminuir e cortar. Sair do negativo irá exigir uma dose diretamente proporcional entre as suas dívidas e o seu sacrifício, ou seja, quanto maior o valor das dívidas, maior será o sacrifício exigido.

E de nada adianta ficar adiando a resolução desse problema, pois quanto mais você esperar, mais as suas dívidas irão crescer e maiores serão os sacrifícios necessários. 

Portanto corte os gastos supérfluos da sua vida e chegue a um valor mensal que esteja dentro do seu orçamento e da sua realidade. Munido dessas informações, chegou a hora de entrar em contato com os seus credores e negociar as suas dívidas.

4º Passo – Renegocie as suas dívidas

Agora que você já conhece o tamanho das suas dívidas e organizou o seu orçamento, chegou a hora de entrar em contato com os seus credores e iniciar uma negociação. 

Lembre-se que de nada adianta assumir compromissos que você não pode cumprir, portanto, seja muito consciente na hora de fechar qualquer tipo de acordo. Em alguns casos, pode até valer a pena vender algum bem para realizar o pagamento do débito à vista, conseguindo um bom desconto no valor total.

E talvez você esteja se perguntando qual a dívida que você deve negociar primeiro. Bem, isso vai depender muito da sua situação, porém, neste primeiro momento eu indico que você entre em contato com todos os seus credores e converse com eles sobre a possibilidade de uma negociação da sua dívida.

Neste primeiro contato, você irá explicar que a situação acabou saindo do seu controle, porém, você pretende quitar a sua dívida o quanto antes e que, por isso, gostaria de conversar e saber o que o credor poderia fazer para ajudar. 

A prioridade, neste momento estará em dois tipos de dívidas: 1) aquelas que possuem os maiores juros; 2) aquelas que possuem o maior impacto psicológico sobre você.

A primeira categoria é sempre citada por vários especialistas financeiros como sendo a prioridade na hora de pagar suas dívidas. Eles dizem: “Pague primeiro as dívidas com juros mais altos!” E eles não estão errados! 

Pois bem, a sua prioridade deve ser pagar as dívidas que possuem os juros mais altos pois elas são as suas dívidas mais caras. Se você está no vermelho no cheque especial ou no crédito rotativo do cartão de crédito, por exemplo, priorize o pagamento desses débitos, pois eles cobram as maiores taxas de juros do mercado

Porém, existem algumas dívidas que, apesar de não terem uma taxa de juros alta (muitas vezes podem nem ter juros), causam um impacto psicológico ruim em você. Você deve priorizar também o pagamento dessas dívidas.

Lembra que eu falei que no Brasil é comum o endividamento com parentes e amigos? De repente você pegou um dinheiro emprestado com alguém da sua família, um empréstimo sem juros mas que se transformou numa verdadeira pedra no seu sapato.

O seu parente comenta com os demais familiares e aproveita todas as oportunidades para cobrar você com aquele “bom humor” maligno. Terrível, não é mesmo? Pois é, esse tipo de situação pode acabar se tornando um verdadeiro inferno em sua vida e, por isso, você deve tomar uma atitude para pôr fim a isso o mais rápido possível. 

Se for esse o seu caso, prepare uma proposta, converse com o seu parente e estipule com ele uma parcela (que caiba no seu orçamento) para que comece a realizar o pagamento da sua dívida.

Um outro tipo de dívida que pode ter um impacto psicológico gigantesco em você e em sua família são aquelas contraídas com prestadores de serviços essenciais, como abastecimento de água e energia elétrica.

Se você já teve a energia elétrica da sua casa cortada por falta de pagamento, sabe o quanto essa situação é desagradável, portanto, esse tipo de dívida também deve ser priorizada por você. 

Entre em contato com cada um dos seus credores, fale da sua boa intenção em pagar as suas dívidas e procure encaixar os pagamentos dentro do seu orçamento. Se você estipulou, por exemplo, que tem a possibilidade de, mensalmente, pagar até R$500,00 em parcelas para pagar as suas dívidas, você deve procurar negociar todas elas para que somadas se encaixem dentro desse valor.

Avalie também a possibilidade de buscar um empréstimo com uma taxa menor de juros, que caiba dentro do seu orçamento, para pagar todas as suas dívidas. Os empréstimos com garantia de imóvel ou veículo são opções que geralmente possuem taxas de juros bem menores e atrativas.

Outra alternativa também é o crédito consignado, onde as parcelas do seu empréstimo são descontadas diretamente da sua folha de pagamento, o que reduz os riscos de inadimplência e permite que os bancos cobrem taxas de juros menores, pois o seu risco também é reduzido.

Uma dica muito legal e que você deve ficar atento são os feirões de negociação promovidos por instituições como o SPC e Serasa. Nesses eventos, é possível negociar e quitar suas dívidas com preço diferenciado, recebendo descontos significativos.

Fique sempre atento e leia com atenção os contratos de celebração dos acordos que realizar, para não acabar concordando com algo que não pode cumprir!

Mais abaixo, na dúvida nº 6, eu darei mais algumas dicas muito importantes sobre negociação de dívidas, principalmente para quando elas não forem tão simples de serem realizadas.

PRINCIPAIS DÚVIDAS RELACIONADAS AO PAGAMENTO DE DÍVIDAS

  1. É possível usar o FGTS para pagar suas dívidas?

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço foi criado durante o Regime Militar pela Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966 e tem por objetivo principal proteger o trabalhador demitido sem justa causa. 

O FGTS é uma conta vinculada, aberta em nome do trabalhador na Caixa Econômica Federal, onde o empregador deve depositar mensalmente o valor correspondente a 8% do salário de cada funcionário. 

Todos os trabalhadores regidos pelo Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que firmaram contrato a partir de 05/10/1988, tem direito ao FGTS. Também tem direito ao FGTS:

  • Trabalhadores Rurais;
  • Trabalhadores Intermitentes;
  • Trabalhadores Temporários;
  • Trabalhadores Avulsos;
  • Safreiros (trabalhadores rurais, que trabalham somente no período de colheita);
  • Atletas Profissionais;
  • Diretor não-empregado;
  • Empregado doméstico.

O saque do FGTS é permitido em alguns casos específicos, como aposentadoria, demissão sem justa causa ou em caso de algumas doenças graves.  

Recentemente, foi também criada uma nova modalidade de saque, chamada de Saque Aniversário, que permite que o trabalhador saque, todos os anos, um percentual do seu FGTS.

O trabalhador também pode utilizar os recursos do FGTS para adquirir um imóvel novo ou usado e também para pagar ou amortizar dívidas vinculadas a contrato de financiamento habitacional! Ou seja, os valores recolhidos no FGTS podem ser utilizados para comprar a sua casa própria ou para pagar alguma dívida que você tenha relacionada a algum financiamento de imóvel.

Em alguns casos especiais, como a crise econômica decorrente da pandemia do coronavírus, o governo também pode autorizar saques emergenciais das contas do FGTS. 

Todavia, ainda não existe na lei a possibilidade de realizar saques no FGTS para pagamentos de dívidas (a não ser aquelas relacionadas ao financiamento habitacional), embora exista um projeto de lei tramitando no congresso nacional.

2. É o caso pegar um empréstimo para pagar as minhas dívidas?

Bem, isso vai depender muito das ofertas de crédito disponíveis no mercado e também das suas dívidas. 

Caso seja possível, por exemplo, pegar um empréstimo com uma taxa de juros mais baixa do que a dos empréstimos que você possui e utilizar esse valor para pagar todos eles, essa pode sim ser uma opção viável, pois, desse modo, como disse acima, você estará trocando a sua dívida por uma mais barata.

Tudo vai depender da análise que você fizer das suas dívidas e do seu orçamento, como propus lá nos passos 1 e 2.

Se você estiver devendo no cheque especial e/ou no crédito rotativo do cartão de crédito, você deve sim pesquisar por um empréstimo que possua uma taxa de juros menor.

Agora, muito cuidado para não acabar fazendo besteira com esse dinheiro! Não vá pegar um empréstimo e acabar comprando coisas que não precisa ou que estão fora da sua realidade financeira ao invés de pagar as suas contas. Lembre-se que sair do vermelho exige uma grande dose de disciplina e consciência das suas reais possibilidades financeiras.

3. Vou receber um dinheiro extra, vale a pena investir ou primeiro pago as minhas dívidas?

Na maioria dos casos, o rendimento que você terá com o seu investimento será muito inferior aos juros que você estará pagando nas suas dívidas, principalmente se estiver devendo no cheque especial e/ou cartão de crédito.

Sendo assim, geralmente é mais inteligente você utilizar esse dinheiro extra para pagar as suas dívidas primeiro antes de pensar em começar a investir.

Agora, uma coisa que você pode fazer é investir parte desse recurso para criar uma nova fonte de renda extra.

Por exemplo, digamos que você recebeu um determinado valor extra de uma ação judicial que estava movendo contra uma empresa a título de indenização. Se este valor for o suficiente para pagar todas as suas dívidas, eu sugiro que você faça isso. Caso sobre algum valor, utilize ele para formar uma nova fonte de renda, como os exemplos que citarei abaixo.

Caso o valor recebido não seja o suficiente, você pode utilizar parte dele para pagar alguma dívida que tenha um juros maior ou aquela que tenha um maior impacto psicológico em sua vida e utilizar parte dele para criar uma nova fonte de renda extra.

Alguns exemplos de fontes de renda extra que você pode criar com a ajuda dos seus familiares, em sua própria residência, são:

  • Ofereça serviços em sua própria residência, costura, como corte de cabelo, maquiagem, manicure, massagem, etc;
  • Venda de marmitas por delivery;
  • Venda de lanches e refeições saudáveis por delivery;
  • Ministre aulas particulares (aulas de reforço);
  • Trabalhe como entregar de aplicativo pela noite e/ou finais de semana;
  • Trabalhe como motorista de aplicativo nos horários livres;
  • Crie e gerencie uma loja virtual;
  • Trabalhe como afiliado de produtos digitais, através de plataformas como a Hotmart;
  • Alugue um quarto da sua casa com o Airbnb;                                                                                                                                                                                                                                
  • 4. Devo vender meus bens para pagar minhas dívidas?

Sem dúvidas essa pode ser uma boa alternativa para sair do vermelho e ganhar um fôlego a mais nas suas finanças.

Você pode, por exemplo, vender coisas que não usa mais em sua casa através de plataformas como o OLX, com livros, eletrônicos e móveis.

Além disso, se você possui um carro, por exemplo, coloque na ponta do lápis o quanto ele leva embora do seu dinheiro todo mês. Caso seja financiado, some o valor das parcelas aos custos com combustível, IPVA e manutenção, além do valor de depreciação (desvalorização) dele com o tempo. 

Não seria mais viável, pelo menos enquanto você passa por esse período conturbado e se organiza novamente, que você vendesse o seu automóvel para pagar as suas dívidas? 

Pode ser que o carro realmente tenha uma função essencial no seu dia-a-dia, porém, se este não for o caso, analise essa possibilidade com carinho, pois sair das dívidas certamente trará para você um conforto psicológico muito maior do que simplesmente possuir algo que você não precisa.

Fazendo isso, você poderia realizar uma liquidação antecipada das suas dívidas, ou seja, realizar o pagamento parcial ou total de um empréstimo ou financiamento contratado antes do prazo  e, dessa forma, ter um desconto significativo (esse, aliás, é um direito assegurado no código de defesa do consumidor).

5. Vale a pena esperar a dívida prescrever?

Sendo bem direto com você, a minha opinião pessoal é a seguinte: “Se você contraiu uma dívida, seja ela qual for, honre-a, isso é uma questão de caráter”. 

Note que não estou falando aqui que se você está devendo você é um mau caráter. DEFINITIVAMENTE, não é isso. Porém, procurar uma forma de pagar as suas dívidas deve ser uma prioridade na sua vida. E eu sei que é, pois se não fosse, você não estaria aqui lendo este post.

A ideia de que a dívida vai caducar e prescrever depois de um tempo é falsa!

O que acontece é que o Código Civil estabelece um prazo máximo de 10 anos para a cobrança de dívidas através da justiça. A maioria dos pagamentos, como luz, água e boletos prescrevem em cinco anos.

Após a prescrição, o nome do devedor não poderá mais constar nos cadastros de inadimplentes, como o SPC e Serasa. Porém, o fato da dívida prescrever não significa que ela deixa de existir e que não deve ser paga. A sua dívida continuará existindo e os juros continuarão aumentando.

Portanto, sem sombra de dúvidas, o melhor caminho a ser percorrido é o de pagar as suas dívidas!

6. Eu tentei negociar minhas dívidas com o credor mas não consegui. O que faço agora?

Bem, como disse acima, uma negociação é a arte de encontrar um ponto de equilíbrio que seja satisfatório para ambas as partes, um meio termo, porém, nem sempre isso é possivel em um primeiro momento.

É importante que você entenda que, muitas vezes, você não conseguirá o melhor acordo para você num primeiro contato. Portanto, tenha paciência!

Ao receber uma proposta do seu credor, analise ela com cuidado, peça algum tempo para finalizar o contrato, se for o caso, ou realizar uma contraproposta. Muitas vezes, com o intuito de pressionar o consumidor a aceitar o acordo, o atendente poderá dizer que a oferta é por tempo limitado ou que ele não pode garantir que ela estará disponível no outro dia.

Se isso acontecer, responda que precisa de um dia para analisar e realizar seus cálculos para garantir que vai conseguir arcar com as suas responsabilidades. Peça para que o atendente entre em contato depois de 24h ou no momento mais oportuno para você.

Caso realmente não seja possível fechar um acordo benéfico para ambas as partes, você poderá procurar apoio de algumas outras instituições, como:

  • Programa de Proteção ao Consumidor (Procon)

Os Procons estaduais e municipais também atuam mediando conflitos entre consumidores e empresas relacionados à renegociação de dívidas. Procure a unidade mais próxima da sua residência e se informe sobre a existência de programas como o de Apoio ao Superendividado (PAS).

  • Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

O CNJ disponibiliza um serviço muito interessante, totalmente on-line, chamado Mediação Digital, onde qualquer situação de conflito para fechamento de acordos podem ser mediados e homologados por um juiz. 

Basta entrar no site do CNJ e buscar por informações sobre o serviço de Mediação Digital.

Os Tribunais de Justiça e Defensorias Públicas dos Estados também costumam ter serviços de atendimento e apoio a pessoas endividadas. Vale a pena consultar os sites dessas instituições em seu Estado, realizar um contato por e-mail/telefone e/ou procurar a unidade de atendimento presencial mais próxima de sua residência para buscar auxílio.

Mas ATENÇÃO, TENHA MUITO CUIDADO!!!

Infelizmente no Brasil, muitas organizações criminosas se utilizam desse momento de fragilidade da pessoa endividada para realizar fraudes e aplicar golpes. Sempre que for realizar qualquer tipo de negociação, principalmente por telefone e pela internet, tenha muito cuidado e atenção, sobretudo quando for solicitado a informar seus dados.

Procure sempre os canais de atendimento oficiais do seu credor (bancos, cartões de crédito) e fique atento para ligações estranhas de pessoas que se dizem passar por atendentes de alguma instituição e que pedem seus dados.

CONCLUSÃO

Se você está endividado, tenha paciência para sair dessa situação. De nada vai adiantar tomar decisões precipitadas ou procrastinar o pagamento de suas dívidas.

Continue investindo o seu tempo em informações sobre Educação Financeira e organize as finanças do seu lar. Conheça o valor total das suas dívidas, porém, saiba que o seu valor é muito maior do que elas e, dessa forma, você poderá superar qualquer situação se tiver garra, disciplina e determinação.

Conte conosco nessa caminhada!

Nunca se esqueça: VOCÊ NASCEU PARA ILUMINAR!

Picture of Thiago Henrique

Thiago Henrique

Casado, Bacharel em Ciências Militares e Administração pela Academia Militar das Agulhas Negras, Especialista em Influência Digital pela PUCRS, Educador e Empreendedor.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *