A gravidez é vista pela sociedade como um momento em que a mulher deve estar plena, feliz, realizada e exuberante. Culturalmente e historicamente a gestação é sinônimo de felicidade, comemorações e associada a geração de um novo ser, ou seja, uma nova vida.
No entanto, em alguns casos, a maternidade idealizada pela maioria das mulheres pode trazer eventos indesejados, sintomas que não condizem com a alegria esperada.
Alguns sintomas e sinais são comuns da gestação e por vezes entendidos como problemas, por exemplo:
– Enjoos;
– cansaço;
– sono excessivo;
– azia;
– dor na barriga;
– pernas inchadas;
– instabilidade emocional;
– vontade de urinar a toda hora e
– aparecimento de estrias.
Muito se fala em depressão pós-parto, porém os índices de depressão já durante a gravidez são alarmantes. No período pós parto a tendência é o agravamento dos sintomas da depressão podendo chegar ao ápice, com risco de suicídio.
Infelizmente, muitos profissionais que realizam o pré natal das gestantes têm dificuldades em perceber e associar os sintomas apresentados pela futura mamãe a depressão, o que faz com que muitos casos na verdade passem despercebidos e não entrem nas estatísticas.
Ou seja, muitas mulheres têm depressão durante e após a gravidez e nem sabem, sofrem caladas e não tem o auxílio que deveriam.
Neste artigo você verá:
– Como identificar os sinais e sintomas de um possível quadro de depressão gestacional;
– Como a família deve apoiar a futura mamãe em uma situação como essa;
– Quais podem ser as consequências para a mãe e para o bebê;
– Tipos de tratamento para depressão de mulheres grávidas;
Quais as causas da depressão na gestação?
Especialistas na área de obstetrícia, relatam que as várias alterações ou oscilações hormonais, físicas e mentais geram sintomas como medo, pânico, insegurança e flutuações do humor.
No entanto, quando o estresse ultrapassa o limite e muda a rotina da pessoa, isso pode gerar um quadro depressivo.
As alterações hormonais que ocorrem são naturais da gravidez, como o aumento de estrogênio e progesterona e algumas mulheres, experimentam de forma mais intensa a alteração desses hormônios.
Mulheres que possuem histórico de ter tido depressão anteriormente possuem maior chance de desenvolver depressão na gravidez.
Outras causas também podem aumentar as chances de um quadro depressivo na gestação, como:
– gravidez indesejada;
– gravidez na adolescência
– violência ou abuso contra a mulher;
– história de aborto;
– violência obstétrica;
– abandono do cônjuge;
– problemas familiares e conjugais.
Entretanto, é importante destacar que mulheres que estão satisfeitas com o casamento e planejaram a gravidez também podem apresentar depressão na gestação.
A depressão, inclusive, leva à formação de um quadro de gravidez de risco, pois, dependendo de sua gravidade, as consequências podem prejudicar o bebê.
Antes de continuarmos a falar sobre depressão na gravidez, vamos falar um pouco sobre este tema tão importante, a gestação de alto risco!
GESTAÇÃO DE ALTO RISCO - FIQUE ATENTA!
A gestação é considerada de alto risco quando existe chance de complicações para a mãe e para o bebê.
Entre os possíveis problemas na gestação para levar a um pré natal de alto risco, podemos considerar:
– Pré eclâmpsia, ou seja, a hipertensão (pressão arterial alta) na gestação;
– Diabetes gestacional;
– Idade( menores de 18 e maiores de 40);
– Situação sócio econômica;
– Dependente química;
– Transtorno mental;
– Obesidade;
– Doenças da tireóide;
– Doenças auto-imunes;
– Histórico anterior de aborto espontâneo;
– Violência doméstica;
– Descolamento de placenta;
– Gravidez gemelar ( de gêmeos).
Além disso, mulheres que apresentam quadro depressivo durante a gravidez podem, em decorrência disso, não ter uma alimentação adequada, o que pode acabar prejudicando o desenvolvimento fetal.
A utilização excessiva de álcool e o uso de drogas – incluindo o cigarro – também são fatores muito prejudiciais, que podem causar diversos problemas, dentre eles:
– Baixo peso ao nascer
– Parto pré maturo
– Sofrimento fetal durante o trabalho de parto e parto vaginal
– Diminuição dos níveis de oxigênio
– Hipoglicemia (baixa de açúcar no sangue)
– Baixa resistência à infecção
– Baixos escores de Apgar (avaliação aplicada imediatamente após o nascimento para avaliar a condição física do recém-nascido e determinar a necessidade de cuidados médicos especiais)
– Aspiração de mecônio (material evacuado pelo feto), que pode levar a problemas respiratórios
– Problema na manutenção da temperatura corporal
– Contagem anormalmente alta de glóbulos vermelhos (policitemia)
– Nos casos mais graves, inclusive, óbito.
Todos esse problemas na gravidez além de poderem prejudicar o desenvolvimento do bebê, poderão gerar consequências muito graves para o resto de sua vida.
E quais são os sintomas da depressão na gravidez?
Os sintomas da depressão na gestação são similares àqueles de todo quadro depressivo, como:
– Alterações no sono, pode ser insônia ou excesso de sono ( a pessoa não consegue sair da cama);
– Alterações no apetite, pode ser falta de apetite ou excesso do mesmo;
– Desânimo, cansaço excessivo;
– Tristeza profunda que ela não sabe explicar;
– Diminuição da libido;
– Irritabilidade e/ou choro fácil;
– Medo, pânico, insegurança;
– Diminuição da libido, dentre outros.
E como existem muitos sintomas que são próprios e comuns da gestação, decorrentes das alterações hormonais que ocorrem no corpo da mãe, muitas vezes o diagnóstico de um quadro depressivo acaba não sendo realizado.
Ou seja, a futura mamãe está com depressão, porém o diagnóstico não é feito pois se acredita que os sintomas apresentados são normais, típicos da gravidez.
Outro ponto de extrema relevância é que a depressão na gestação além de gerar um contexto difícil para o diagnóstico, também é um agravante no pré natal, que é o acompanhamento do médico e da enfermeira com as orientações para alimentação, atividade física, sono, exames, medicações, etc.
E todas essas alterações podem, como dito anteriormente, prejudicar o bebê de diversas formas.
No ambiente uterino, o bebê recebe sinais químicos através da placenta. Dentre esses sinais, está o estado mental da mamãe. Os hormônios que as mães produzem quando experimentam emoções passam pela placenta. Assim, se a mamãe está muito triste ou deprimida, o bebê consegue sentir.
E existe teste para diagnosticar a depressão na gravidez?
O diagnóstico é realizado através de avaliação clínica de um especialista na área de psiquiatria e muitos médicos utilizam um teste para detectar a depressão na gestação.
Ele é baseado na Escala de Depressão Pós-Natal de Edimburgo (EPDS, na sigla em inglês), um questionário básico usado por alguns especialistas para ajudar a avaliar o risco e a gravidade da depressão em mulheres grávidas ou que acabaram de ter bebê.
Outros testes também podem ser feitos, por exemplo, de auto avaliação de Zung, um questionário que a paciente pode responder.
Outras escalas que podem ser utilizadas para corroborar no diagnóstico da depressão da gravidez são: montogmery, escala de hamilton ( HAM-D 21itens), entre outros.
Como é o tratamento para a depressão?
Bem, isso é subjetivo e dependerá da avaliação clínica da gestante por um médico especialista. Em alguns casos é necessário apenas a psicoterapia e nos quadros mais graves a associação do antidepressivo.
É preciso ficar claro que, a medicação deve ser utilizada corretamente, por isso a inserção do familiar no cuidado é essencial para prevenir a não adesão ao tratamento.
A paciente poderá estar numa fase de tristeza profunda, desmotivada e não irá lembrar, tampouco acreditar no tratamento, e é aí que o papel do familiar é fundamental.
Ele dará esse apoio e suporte para que ela siga corretamente a dose e horário da medicação ou remédio prescrito.
Outro ponto importante no contexto familiar diz respeito aos hábitos alimentares saudáveis, que são extremamente valorosos, com atenção ao consumo de alimentos nutritivos e saudáveis, sem exageros no sal, nas frituras e nos alimentos processados e uma hidratação adequada.
Também pode ser indicada por uma nutricionista a suplementação de algumas vitaminas e minerais através do consumo de cápsulas.
Estudos demonstram que outro fator importante é o uso de probióticos, estando associados na prevenção da depressão na gestação principalmente para pacientes que possuem doenças crônicas e inflamatórias do intestino, por exemplo, a doença celíaca, as colites, intestino irritável, diarréias crônicas, dentre outras.
Ao atuarem na proteção do intestino, que possui mais neurônios que o próprio cérebro, os probióticos atuam não somente na prevenção da depressão, mas também de outras doenças neurológicas, como o Alzheimer.
O uso de antidepressivos pode também ser prescrito pelo médico para auxiliar no tratamento do quadro, porém, cabe ressaltar que o uso dessas substâncias deve ser realizado somente com o acompanhamento médico
Utilizar medicamentos sem a prescrição e o acompanhamento de um médico pode, ao invés de ajudar, acabar piorando o quadro depressivo da gestante e prejudicando o bebê.
Existem também alguns calmantes naturais no tratamento da depressão, por exemplo, que podem auxiliar no tratamento:
– Chá de camomila;
– Chá de melissa;
– Chá de erva-doce;
– Maracujá.
A realização de atividades físicas também é recomendada para melhorar a auto estima e as funções fisiológicas no corpo da mulher.
Outros tratamentos alternativos também podem ser orientados, como por exemplo, acupuntura, hidroginástica, massagens terapêuticas e o uso de florais.
O importante é ter resultados benéficos para o binômio, a mãe e bebê.
O tratamento para a depressão durante a gravidez deve ser levado à sério e envolver toda a família, pois existem muitas evidências e casos em que este quadro agrava e pode perdurar mesmo após o parto.
Conclusão
Diversas pesquisas demonstraram que a depressão na mãe durante a gravidez pode impactar na saúde do filho, além de tornarem este momento, que deveria ser de alegria e esperança, em um período conturbado na vida da família.
Sendo assim, é muito importante que você mulher, futura mamãe e você, homem, futuro papai, estejam atentos para que a gravidez ocorra da forma mais natural e confortável quanto for possível, tanto para a mãe quanto para o bebê.
A criação de bons hábitos de vida, como a prática de atividades físicas e uma alimentação correta, bem como o diagnóstico precoce de um possível quadro depressivo, seguido de um eficiente acompanhamento clínico, serão ferramentas importantes para garantir a saúde integral de toda a família e o seu futuro feliz.
Você nasceu para Iluminar!
Andreia Nicoletti
Mãe, Casada, Enfermeira, Especialista em Cardiologia, Auditoria em Saúde, Nutrição e Estética Funcional, Mestre em Ciências da Saúde e professora Universitária.