O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, é um transtorno neurobiológico com causas genéticas, afeta cerca de 3 a 5 % das crianças e adolescentes e, muitas vezes, acompanha o indivíduo durante toda a vida. Também conhecido por algumas pessoas, como DDA ( Distúrbio do déficit de atenção).
O TDAH é reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e em alguns países, como por exemplo, nos Estados Unidos, os pacientes são protegidos por leis, para ter um atendimento adequado nas escolas.

Portanto, esse transtorno existe sim, ao contrário do que algumas pessoas ainda ousam afirmar que ele é “frescura”, a comunidade científica já comprovou, desse modo é necessário o conhecimento da população para esta síndrome, a fim de tratar e ter qualidade de vida. Os principais sinais do TDAH são:
- desatenção,
- inquietação
- impulsividade.
Ainda existem muitas falhas no diagnóstico do TDAH, por um lado pelo despreparo de alguns profissionais não apenas da saúde mas da educação, especificamente os professores,como também a falta de informações das famílias que desconhecem esse universo do TDAH, e desta forma, a criança cresce sendo estigmatizada como “problemática”, que “vive no mundo da lua” ou caracterizada como mal educada.
Nesse contexto, é vital que as pessoas tenham o conhecimento que o TDAH existe, é real e precisa de tratamento. Neste intuito, elaborei para você com muito carinho, as informações que irão te fazer ter um novo horizonte sobre esta temática e colaborar na identificação de possíveis casos deste transtorno, podendo transformar a vida de quem sofre com ele.
Sintomas
Os sintomas que fazem parte do quadro clínico do TDAH são:
- Desatenção
Devido a esse sinal clínico, são chamados de “avoados”, “vive no mundo da lua”. Nos adultos, a desatenção ocorre com fatos do cotidiano, no trabalho, as “falhas da memória”, sendo “bem esquecidos”.
- Hiperatividade e impulsividade
É comum ouvir na escola que sejam chamados de “estabanados”, ou “tem o bicho carpinteiro”. Isso acontece mais com os meninos, eles apresentam uma hiperatividade e impulsividade maior do que comparado às meninas, como se estivessem “ligados a um motor”.
Na adolescência, o que se demonstra é que há uma dificuldade em obedecer regras e limites, o que torna para alguns um caminho fácil para os vícios, como álcool e outras drogas.
Nos adultos, estes comportamentos também podem ocorrer, principalmente ligado ao abuso de substâncias, álcool e drogas e aos problemas com depressão e ansiedade.
Quais são as causas da TDAH?
Estudos científicos demonstraram que no TDAH ocorre uma alteração na região frontal do cérebro, essa que por sua vez é responsável pelo “controle” e inibição do comportamento, bem como, na capacidade de prestar atenção, ter autocontrole, memória, organização e planejamento.
A alteração na região frontal está relacionada aos neurotransmissores (dopamina, noradrenalina) que são responsáveis pelas informações entre as células nervosas (neurônios). Quanto às possíveis causas para a ocorrência dessas alterações, vejamos a seguir:
- Predisposição genética
Estudos mostram que existe influência genética para o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Isso não quer dizer que exista um “gene do TDAH” mas que alguns genes podem estar relacionados a esse tipo de transtorno, como também, os fatores ambientais.
- Substâncias ingeridas na gravidez
Mulheres grávidas que ingerem bebida alcoólica, ou usam outras substâncias como nicotina e outras drogas, demonstraram em pesquisas científicas que têm maior probabilidade de gerar um filho com TDAH.
- Sofrimento fetal
Mães com TDAH podem apresentar um maior “descuido” durante a gestação, podendo ter problemas na gravidez e no parto, e esses fatos associados a influência genética podem predispor ao TDAH.
- Problemas familiares
O contexto em que vive a criança pode colaborar para a ocorrência deste agravo, no entanto não é a causa do TDAH. Alguns estudos mostraram que os conflitos desde a gestação, e que se estendem pós parto nas turbulências intrafamiliares podem colaborar para isto.

E quais são os sintomas do TDAH na criança e no adolescente?
Na idade pré escolar, a criança costuma sair várias vezes da sala, não consegue parar na cadeira e nem concentrar nas atividades longas e repetitivas, mexe muito com as mãos e pés, pode balançar de um lado para o outro, apresenta a inquietação quase constante.
Costumam se distrair facilmente com estímulos externos e também internos, por isso, erros simples em pontuações, nas tarefas e nas provas, costumam acontecer. Elas também são vistas como “esquecidas”, pois comumente esquecem de dar recado aos pais, esquecem do dia da prova, das tarefas, e até de cumprimentar as pessoas, entre outras atividades escolares.
No entanto, quando realizam atividades que gostam, elas conseguem sinalizar e ter um reforço na atenção, chegando a ter uma função normal neste aspecto. Devido à impulsividade em alguns casos, elas tendem agir antes de pensar o que pode piorar o rendimento escolar e gerar até bullying no ambiente escolar.
Um fato interessante é que as meninas tendem a não apresentarem de forma tão característica a hiperatividade e a impulsividade, quanto os meninos. Por algum tempo se pensou que acometia apenas meninos, o que não é verdadeiro, pois acontece com meninas também.
Adultos têm TDAH?
A Associação Psiquiátrica Americana reconheceu em 1980, que adultos podem apresentar TDAH, ao contrário do que se pensou por muito tempo, que só crianças com hiperativas e com baixo desempenho escolar apresentavam esse transtorno.
Muitas vezes a criança cresce com TDAH e apresenta outros transtornos associados como a depressão, e na maioria dos casos só a depressão é diagnosticada. Acredita-se que em 60% das crianças com TDAH terá alguns sintomas na vida adulta como: desatenção, impulsividade e hiperatividade, porém em menor número do que na fase da infância.
Adultos com TDAH possuem dificuldade para se organizar, planejar e priorizar as tarefas. É comum eles se sentirem sobrecarregados, pois não sabem por onde começar e como organizar a sua vida. Muitas vezes eles começam um trabalho e deixam pela metade e mudam o foco para outro que também não conseguem finalizar. Os esquecimentos também influenciam, pois eles não lembram das suas tarefas, compromissos, datas comemorativas, entre outros aspectos.
Esse aspecto de começar várias coisas e deixar pela metade, pode trazer muitos problemas na vida do portador do TDAH. Trabalho, estudos e relacionamentos podem desencadear muitos conflitos na vida dele, que se agravam se ele não tiver o diagnóstico e ficar sem fazer o tratamento necessário para melhorar a sua qualidade de vida com as outras pessoas.
Diagnóstico do TDAH
O diagnóstico deste transtorno se dá através de um profissional médico, geralmente o psiquiatria, neuro pediatra e neurologista. Será realizada consulta com entrevista e avaliação dos sinais e sintomas de cada indivíduo.

Tipos de TDAH
Existem classificações para o tipo de TDAH que são muito valiosas no diagnóstico diferencial para adequar o tratamento correto em cada caso.. São 3 subtipos:
- TDAH desatento
A desatenção é a característica principal e com aflora diversas dificuldades, como por exemplo:
- distração;
- tem “brancos” durante a conversa;
- deixar tarefas inacabadas;
- possui hiper foco nas atividades que geram interesse como jogos e computadores.
- TDAH hiperativo-impulsivo
- Impaciência em situações de espera;
- Falar o que vem a mente;
- Dificuldade em lidar com frustrações;
- Mudanças bruscas do humor;
- Tendência ao desespero frente a situações difíceis;
- Criatividade;
- Hipersensibilidade;
- Intuição.
- TDAH combinado
Os dois subtipos podem ocorrer juntos, no entanto é mais comumente na criança com idade menor os sintomas da hiperatividade-impulsividade e na adolescência e vida adulta os sintomas de desatenção e distração. Na combinação dos dois subtipos podem apresentar alguns sinais, como por exemplo:
- Inquietação e ansiedade;
- Monopolizar conversas;
- Mexer mãos e pés;
- Ter muitas ideias e não conseguir finalizar nenhuma.
Tratamento do TDAH
O tratamento deve ser multimodal, ou seja, além da medicação é necessário a psicoterapia, com o psicólogo, em alguns casos o fonoaudiólogo, quando há problemas com a leitura (dislexia) e a escrita (disortografia).
A participação dos pais, dos professores é fundamental ao tratamento, além de técnicas que serão ensinadas ao portador de TDAH. A medicação costuma ser um fármaco psicoestimulante e antidepressivo e costuma ter efeito benéfico nas primeiras semanas de uso.
Dicas para o portador de TDAH
Ter disciplina e seriedade no tratamento;
Usar agenda para organizar os horários;
Guardar seus pertences em locais fixos;
Usar lembretes em locais estratégicos.
Conclusão
Ainda existe muito estigma relacionado ao transtorno do déficit de atenção e hiperatividade e falta de informação segura sobre essa síndrome. Muitas pessoas nunca foram diagnosticadas e tem uma história de vida permeada por insucessos desde a infância,vistas como descomprometidas ou mal educadas,desenvolvendo um sentimento de fracasso e baixa autoestima, colaborando para o desenvolvimento de doenças psíquicas como por exemplo, a depressão.
Talvez você possa se reconhecer ou reconhecer alguém através deste artigo. Existem muitas pessoas que nunca ouviram falar sobre isso, e outras, que são preconceituosas e preferem negar a realidade dos filhos, familiares, amigos, ou talvez a própria realidade.
Espero que você tenha compreendido sobre essa importante temática e percebido que podemos colaborar com esse universo que é o TDAH.o portador de TDAH precisa ser diagnosticado para realizar o tratamento adequado e ter qualidade de vida. Então colabore com o seu conhecimento e faça a diferença nesse universo do TDAH.
E nunca esqueça:
“Você nasceu para iluminar.”

Andreia Nicoletti
Mãe, Casada, Enfermeira, Especialista em Cardiologia, Auditoria em Saúde, Nutrição e Estética Funcional, Mestre em Ciências da Saúde e professora Universitária.